quinta-feira, 28 de junho de 2018

Eliete Paraguassú fala sobre o derramamento de óleo em Candeias e cobra soluções à prefeitura da cidade


SOBRE O DERRAMAMENTO DE ÓLEO NO RIO SÃO PAULO, NO DISTRITO DE PASSÉ, PELA PETROBRAS – “Há 60 anos a Petrobras paga royalties à prefeitura de Candeias. Se a Petrobras não resolve a situação dos pescadores, vocês tem que resolver porque vocês nos devem isso há muito tempo. Estamos falando de homens e mulheres, principalmente de mulheres, que estão jogadas nessas lamas contaminadas com poluição química. A gente precisa não só discutir o caso do petróleo, mas questão de saúde. Estamos falando de uma responsabilidade que o município tem, para discutir a segurança alimentar desse povo, já que não podemos deixar de comer os peixes porque não temos opções. Porque vocês, que dizem que estão no mesmo barco que a gente, não nos dão opções. O petróleo é nosso, mas não é a gente quem refina. Então a responsabilidade é de quem recebe os royalties. Em 2009 o maior desastre ambiental aconteceu na Refinaria Landulpho Alves, quando a gente acordou com o mar preto; no mesmo ano aconteceu o afluente da Proquigel. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente recebeu o dinheiro, e foi feito o que? Esse dinheiro era para ser investido nas comunidades tradicionais... O município de Candeias nos deve muito, minha gente! Para onde é lançado o esgoto de Candeias senão é par este rio que alimenta esta cidade? Somos nós quem movimentamos a renda deste município e é como se nós não existíssemos. Estamos passando por isso, culpa de uma empresa que em nome de uma ganância desenfreada atinge o modo de vida da gente. E não foi acidente. Foi crime ambiental, porque a Petrobras tem que fazer a manutenção de seus dutos. Quem está aqui não trabalha na Prefeitura. São pessoas que vivem da pesca, e agora, como vamos sobreviver? Esse município precisa de uma secretaria que discuta a situação da pesca e não tem. Estamos falando de mulheres que alimentam os seus filhos da pesca. Que conseguem tirar mais de um salário mínimo por mês. E vão sobreviver apenas com uma cesta básica e R$ 150 reais? Dá para esta prefeitura, com essa capacidade que tem, com os royalties que recebe, pagar uma bolsa de meio salário mínimo, R$ 500 reais para cada pescador. Não somente os pescadores estão ameaçados, mas também quem vende nos bares, porque os turistas não vão mais querer comer peixe durante um bom tempo”. Eliete Paraguassu, Marisqueira e Quilombola da Ilha de Maré. Coordenadora do Movimento de Pescadores e Pescadoras do Estado da Bahia.

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